
Após quase um ano de apurações, a segunda fase da Operação Elísios, da Polícia Federal, revelou que o assalto ao avião-pagador ocorrido em 2024 no Aeroporto Hugo Cantergiani, em Caxias do Sul (RS) tem ligações diretas com a alta liderança do Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa de abrangência nacional, informou o g1.
Durante a investigação conduzida pela Delegacia de Repressão a Crimes contra o Patrimônio e Tráfico de Armas (Delepat), foram encontrados indícios de que o grupo estaria utilizando igrejas e organizações não-governamentais como instrumentos para lavar dinheiro oriundo do tráfico e outros crimes.
O inquérito também levou à identificação de um dos suspeitos apontado como envolvido em planos para matar autoridades, entre elas o senador e ex-ministro da Justiça Sergio Moro, ameaça já revelada em 2023 por outra investigação da própria PF.
Conforme reportado pelo AEROIN na época, o roubo de aproximadamente R$ 14 milhões ocorreu logo após o pouso de uma aeronave que chegava de Curitiba. Os criminosos usaram veículos clonados da Polícia Federal para abordar o avião. De acordo com a Polícia Federal, o grupo recebeu auxílio de um funcionário de uma empresa de transporte de valores, que teria reado informações privilegiadas. Durante o confronto, um policial e um dos assaltantes acabaram mortos.
A ofensiva mais recente permitiu identificar o verdadeiro nome por trás do codinome “Me Erra”: Alex Santos Pereira, integrante da “sintonia restrita” do PCC, estrutura responsável pela tomada de decisões estratégicas dentro da facção. Mandados foram cumpridos em endereços ligados a Pereira, que não foi localizado e agora é considerado foragido.
Outro investigado procurado é Josemir Matias da Silva, conhecido como “PP”, suspeito de ter financiado o ataque em Caxias do Sul. A PF acredita que ambos estejam foragidos na Bolívia e, por isso, iniciou articulações com a Interpol para viabilizar suas capturas. “Já ativamos a cooperação jurídica e policial internacional para promover suas capturas”, informou o delegado Marcio Teixeira, chefe da Delepat no Rio Grande do Sul.
Durante a análise de mensagens dos suspeitos, os investigadores encontraram conversas sobre estratégias para ocultar a origem ilícita do dinheiro. Entre as alternativas discutidas estavam o uso de igrejas “que não estão nem aí” e rees para prefeituras em estados como São Paulo, Ceará e Amazonas. A PF destacou que esses elementos não fazem parte direta do escopo da Operação Elísios, mas serão compartilhados com outras unidades para abertura de novos inquéritos.
“O foco da operação foi esclarecer a autoria e as circunstâncias do roubo em Caxias do Sul. Entretanto, obtivemos provas que apontam para um esquema maior de lavagem de dinheiro ligado ao PCC. Esse material será encaminhado para os setores competentes para continuidade das investigações”, concluiu Teixeira.
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