
Um cidadão palestino estava retido em Guarulhos após a Polícia Federal ordenar sua deportação, que foi suspensa pela justiça brasileira. Muslim M. Imran Abuumar Rajaa é um palestino, coordenador do Centro de Estudos Palestinos Hashim Sani, sediado na Malásia. Em seu perfil no Twitter, ele se descreve como “Analista Geopolítico e Ativista dos Direitos Humanos”.
Apesar de, na rede social, ele colocar que sua residência é na Palestina, ele alegou para as autoridades brasileiras que mora na Malásia e estuda na Universiti Malaya.
A abordagem da Polícia Federal ocorreu após ele desembarcar no voo QR773 da Qatar Airways, procedente de Doha, onde Muslim, sua esposa (que está grávida), seu filho de 6 anos e sua sogra, fizeram uma escala após chegarem de outro voo da mesma companhia vindo de Kuala Lumpur, capital da Malásia.
O homem alega que está no Brasil para visitar seu irmão, que tem residência em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, e que já o havia visitado em setembro do ano ado, porém, nesta ocasião, não estava junto de sua família e nem constava em lista de suspeitos em serviços de inteligência estrangeiros.
A PF o deteu junto de sua família e iniciou o processo de deportação, sob a suspeita de que ele não havia vindo ao Brasil para fazer turismo familiar, e sim para imigração, além de alertas recebidos do FBI por Muslim fazer parte de uma lista de suspeitos de integrar o grupo terrorista Hamas.
O PT @ptbrasil, representado pelo Dep. Fed. João Daniel, já intercedeu pela liberação da entrada no Brasil de Muslim Abu-Umar, alegado membro de topo do grupo terrorista palestino Hamas.
— Hoje no Mundo Militar (@hoje_no) June 23, 2024
Ele foi barrado pela PF ao tentar entrar no Brasil por Guarulhos, mas como o seu nome consta… pic.twitter.com/hBwgt6HA6Q
Esta informação, porém, não pôde ser confirmada imediatamente. A alegação girava em torno das ligações de Muslim com o Hamas, que são visíveis neste encontro da foto acima, entre o então Primeiro-ministro da Malásia, Mahathir Mohamad, e uma comitiva do Hamas, liderada por Khaled Mishaal, que foi um dos líderes do grupo terrorista.
Em entrevista à CNN Brasil, o advogado de Muslim e sua família, alega que desconhece qualquer ligação do seu cliente com o grupo Hamas e reitera que o homem de 37 anos veio ao país por motivos familiares, e que já tem agem de retorno para a Malásia comprada para 9 de julho.
Ele solicitou à justiça que a deportação fosse impedida, e uma liminar determinou que a PF não o deportasse “até que todos os fatos fossem esclarecidos”. Existe uma suspeita de que o objetivo de Muslim era de que a sua esposa, grávida de 7 meses, pudesse dar à luz em São Paulo, assim concedendo a cidadania brasileira ao seu filho, abrindo uma possibilidade de imigração da família ao Brasil.
Mais tarde, a Polícia Federal esclareceu os fatos à Justiça, que acatou a justificativa, com a juíza Millena Marjorie Fonseca da Cunha afirmando que a PF não foi xenofóbic, e citando o fato que mais de mil palestinos já haviam sido aceitos no Brasil quando pediram refúgio, sendo que apenas um dos que solicitou foi recusado e deportado.
A família, que estava hospedada num hotel próximo ao Aeroporto Internacional de Guarulhos, embarcará nesta madrugada de volta para Doha, no voo QR-774.
Quem logo agiu em favor de Muslim foi o deputado João Daniel (PT, SE), que enviou ofícios ao Ministério da Justiça e ao Ministério de Relações Exteriores.
— Samuel Pancher (@SamPancher) June 23, 2024
O petista João Daniel é o deputado que encontrou-se com um líder do Hamas, como mostramos no @Metropoles:… pic.twitter.com/Bz1NvNFUiW