
A GOL Linhas Aéreas cancelou voos que saíram neste final de semana de Minas Gerais para o Nordeste após um calote da agência ViagensPromo.
Os voos, que saíram do Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, levariam turistas mineiros para Porto Seguro, na Bahia, e para Maceió, em Alagoas. Os ageiros haviam comprado os voos por meio de agências de viagens parceiras da ViagensPromo, uma grande agência especializada em pacotes no sistema B2B, onde a venda é feita exclusivamente para outras empresas de turismo.
A ViagensPromo é a mesma empresa que lançou a VPAir, sua “companhia aérea virtual”, para operar voos fretados com a GOL e com a Sideral Linhas Aéreas. Com esta última, foi lançado o VP , utilizando o Boeing 737-300 com configuração VIP de apenas 52 assentos e serviço de bordo da classe Executiva. Este tipo de serviço era focado no público de alto poder aquisitivo, mas não teve o sucesso esperado, e poucos voos foram realizados.
Outros negócios da VP, que incluem plataformas de venda de agens corporativas e fintechs (bancos digitais e cartões de crédito) para facilitar o pagamento dos pacotes pelas agências e consumidores finais, também não decolaram. Essa diversificação e expansão de produtos acabou colocando a empresa em dificuldades à medida que os resultados não corresponderam às expectativas, e a crise se agravou com a saída de um dos sócios-fundadores no final do ano ado.
A gota d’água teria sido a não chegada do montante de R$ 1,5 bilhão do Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC), que, segundo o BNDES, um dos investidores neste fundo, “são veículos de investimento coletivo, destinados à aplicação em direitos e títulos representativos de crédito, também denominados direitos creditórios“. Sem esse valor, o caixa da VP ficou comprometido de vez.
Desde o início deste ano, uma verdadeira debandada de executivos da VP foi notada, e a empresa tem enfrentado problemas com o pagamento de fornecedores, incluindo resorts e hotéis, principalmente na região Nordeste, foco dos pacotes oferecidos pela empresa. Dentre as hospedagens que já não estavam mais aceitando pagamento, incluem-se o Pratagy Beach All Inclusive Resort em Maceió e a grande rede de hotéis Vila Galé.
Com a GOL, a dívida pendente é de cerca de R$ 1 milhão, já contando com uma parte paga em atraso semanas atrás. Como a dívida vem se arrastando, a companhia aérea decidiu cancelar os voos deste final de semana saindo de Confins, apenas garantindo o retorno dos turistas mineiros (conforme nota abaixo).
Cerca de 5 mil agens da GOL já teriam sido vendidas pela VP, e com o fim do contrato por calote, deverão ser canceladas. Muitos clientes, inclusive, não sabiam que a agem havia sido comprada por meio de uma agência terceira, já que a VP trabalha exclusivamente no B2B.
A empresa teria vendido cerca de 300 assentos por final de semana até junho, o que representa cerca de 4,8 mil clientes que devem ficar sem conseguir voar, sem contar os clientes com problemas em outros produtos da empresa.
Em nota enviada ao portal Panrotas, a GOL informou que “Em razão do encerramento do contrato com a ViagensPromo, face aos desacordos comerciais, a GOL informa que os voos reservados pela agência para domingo (16/3) – Porto Seguro – Confins e Maceió – Confins – serão os últimos realizados. A companhia não operará mais nenhum voo fretado pela ViagensPromo, inclusive os voos deste domingo saindo de Minas Gerais: Confins – Porto Seguro e Confins – Maceió. A GOL orienta que os clientes da Viagens romo afetados procurem a agência para as devidas providências“.
Até o momento, a ViagensPromo não se manifestou sobre o assunto, nem informou qual será a tratativa a ser dada aos ageiros.