O jato EB-707 Cóndor, aeronave símbolo da capacidade chilena de alerta antecipado e vigilância aérea por mais de três décadas, está oficialmente fora de serviço. Imagens recentes revelam a remoção do radome do radar principal, além dos radares laterais e outras partes estruturais essenciais, marcando o encerramento de uma era na aviação militar do Chile.
O Cóndor é uma versão modificada do Boeing 707-385C, originalmente operado pela LAN Chile, e foi incorporado à Força Aérea Chilena (FACh) no início dos anos 1990. Adaptado pela Israel Aircraft Industries (IAI), o avião recebeu o radar EL/M-2075 Phalcon, de origem israelense, com cobertura de 360 graus graças a sensores instalados no nariz e antenas laterais. Esse sistema permitia rastrear, em tempo real, diversos alvos aéreos e marítimos.
Ao longo de sua operação, o EB-707 participou de exercícios nacionais e internacionais, sendo considerado um ativo estratégico para o sistema de defesa chileno. A aeronave, matrícula 904, operava a partir da Base Aérea de Pudahuel, sob o comando do Grupo de Aviação Nº 10, oferecendo vantagens em comando, controle e consciência situacional aérea.
O Cóndor também foi alvo de rumores em círculos militares sul-americanos, que destacavam suas capacidades avançadas e baixo perfil de detecção. Houve até relatos de que o Peru teria construído uma réplica em tamanho real do avião para treinamentos, e que ele era frequentemente escoltado por caças F-16 chilenos em missões discretas como medida de segurança.
O fim de sua carreira operacional já era esperado, principalmente pela obsolescência dos sistemas embarcados e as dificuldades crescentes de manutenção, em especial na aviônica e no radar. Soma-se a isso o desgaste estrutural de uma célula fabricada em 1965 e reformada nos anos 1990. As imagens atuais, mostrando o avião sem o radome e antenas, confirmam o avançado estágio de desmantelamento, como informou com exclusividade o portal parceiro Aviacionline.
Com isso, o Chile a a contar, temporariamente, com apenas uma plataforma funcional de alerta antecipado. Para evitar um vácuo operacional, a FACh adquiriu em 2022 aeronaves Boeing E-3D Sentry da Força Aérea Real Britânica (RAF), que já foram vistas em ação no país em exercícios como a Operação Salitre 2023, na Parada Militar realizada no Parque O’Higgins, e na feira FIDAE em Santiago (foto mais abaixo).
Comparativo entre o EB-707 Cóndor e o E-3D Sentry
Apesar da idade, o Cóndor estava equipado com um radar AESA (varredura eletrônica ativa), que direcionava o feixe de radar para alvos específicos, dificultando sua detecção por sistemas eletrônicos adversários. Seu alcance estimado era de 400 km, com destaque para sua capacidade de vigilância discreta.
Já o E-3D Sentry utiliza um radar PESA (varredura eletrônica iva), que emite sinais em todas as direções para manter vigilância constante. Essa característica amplia seu alcance de detecção para até 650 km em altitudes médias e altas, mas o torna mais vulnerável à detecção por sempre irradiar em 360 graus.
A transição para os E-3D Sentry assegura que a FACh mantenha capacidades essenciais na área de vigilância aérea. Ainda assim, o legado do EB-707 Cóndor permanece como um marco tecnológico e operacional, tendo consolidado por mais de 30 anos uma das mais avançadas capacidades de controle do espaço aéreo da América do Sul.
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